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Doenças causadas por fungos

Controle de soqueira Controle de soqueira

O mal do pé ou podridão do pé é considerado uma das doenças de maior importância na cultura, e tem como agente etiológico o fungo de solo Plenodomus destruens. Este patógeno tem sido relatado como patogênico somente a espécies da família Convolvulaceae. A doença ocorre no campo, assim como no armazenamento durante a pós-colheita. Plantas severamente atacadas inicialmente apresentam as folhas inferiores amareladas. Com o progresso da doença a planta murcha e morre. Em infecções menos severas, lesões necróticas podem se desenvolver na região do coleto, abaixo da linha do solo ou se estender até as raízes (Figura 1). Durante a fase inicial da doença, algumas mudas infectadas podem não ser detectadas e plantadas no campo, onde a doença continua a se desenvolver, causando o amarelecimento das folhas baixeiras, murcha da haste e morte. Caso a planta desenvolva raízes suficientes a partir dos nós acima da infecção a planta não chega a morrer.

Na região do coleto forma-se um cancro marrom escuro e o anelamento da haste, que interrompe a absorção de água e nutrientes. À medida que a cultura se desenvolve, observa-se grande quantidade de material vegetal seco e ramas com folhas murchas ou amareladas. As lesões podem se estender pela haste até 10 cm a 20 cm acima do solo, e sob o solo até as raízes, causando a podridão (Figura 2). As lesões são recobertas por numerosos e pequenos pontos pretos, correspondentes às estruturas de reprodução do patógeno, os picnídios, os quais podem ser observados sobre hastes e raízes de batata-doce (Figura 3). O patógeno cresce abaixo da periderme (casca) de raízes tuberosas frescas e causa na extremidade proximal uma podridão seca e escura, que continua a se desenvolver lentamente durante o armazenamento, danificando parcialmente as raízes e tornando-as imprestáveis ao consumo e a produção de mudas. Numerosos picnídios também podem ser observados nas raízes ao se remover a periderme na superfície das lesões.

A disseminação do patógeno está diretamente relacionada com a propagação das mudas e o período de desenvolvimento vegetativo da batata-doce. Plenodomus destruens pode sobreviver em restos culturais infectados de uma estação de cultivo para outra. Conídios podem sobreviver na superfície de raízes frescas durante o armazenamento, germinar e infectar raízes feridas no armazenamento ou brotações desenvolvidas após o plantio. Geralmente o patógeno cresce a partir de raízes contaminadas, infecta as brotações, de onde é disseminado durante o transplantio. Ventos acompanhados de chuva, insetos, ferramentas e roupas dos trabalhadores também podem disseminar conídios do patógeno. Estes germinam facilmente na presença de umidade e em temperaturas de 21 °C a 32 °C.

Alguns estudos mostram que a adubação orgânica, promovida pelo esterco de gado, composto orgânico e, principalmente, cama de frango, pode acentuar a severidade da doença quando infectados com o patógeno e em ambientes favoráveis ao desenvolvimento da doença. Nas infecções do caule, o período entre inoculação e expressão dos sintomas varia entre 30 e 35 dias.

O efetivo controle da doença está intimamente associado a métodos preventivos de controle, que incluem a escolha cuidadosa do local de plantio (solos não infestados e bem drenados), o arranquio e queima de plantas doentes e a rotação de culturas por dois ou três anos consecutivos. Cuidados especiais, tais como o plantio de ramas ou mudas sadias de cultivares bem adaptadas às condições edafoclimátias, evitar o plantio em local muito úmido ou mal drenado e adubação das plantas de forma balanceada são premissas para o sucesso da implantação de uma lavoura produtiva de batata-doce.

O plantio de ramas retiradas das partes mais novas das plantas resulta em uma menor incidência de doença. Se for usar adubo orgânico, preferi aqueles com menores concentrações de nitrogênio, pois a adubação nitrogenada em excesso predispõe as plantas à infecção pelo patógeno, principalmente nas regiões onde verifica a incidência da doença.

A resistência genética também representa uma forma de controle da doença, tendo em vista a alta diversidade genética de batata-doce. Foram verificadas que algumas cultivares são resistentes ou moderadamente resistentes ao mal-do-pé. Segundo trabalhos de prospecção realizados por diversos autores, as variedades UFRPE 1-88, CR 71, CO Branca e RC são relatadas como resistentes a P. destruens, enquanto as cultivares Princesa e a variedade Rainha Branca são tidas como moderadamente resistentes. Atualmente não existem fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o controle da doença.

Foto: Ricardo Borges Pereira

Figura 1. Sintomas da podridão do pé em plantas de batata-doce. Lesões necróticas nas hastes acima da região do coleto das plantas que se estendem até as raízes causando a podridão.

 

Foto: Ricardo Borges Pereira

Figura 2. Podridão de raízes de batata-doce causada por Plenodomus destruens. Apodrecimento inicial de raízes na região de inserção do caule (A) e apodrecimento total da raiz (B).

 

Foto: Ricardo Borges Pereira

Figura 3. Picnídios de Plenodomus destruens sobre raiz (A) e haste (B) da batata-doce.

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Também conhecido como ferrugem branca. Forma lesões pulverulentas no limbo foliar se transformando em pústulas salientes de cor leitosa, reduzindo a área fotossintética. A alta umidade relativa do ar favorece o desenvolvimento da doença.

Ataca o limbo foliar das folhas mais velhas, formando lesões necróticas circulares ou irregulares, de cor marrom e halos amarelados. No pecíolo, forma lesões escuras e alongadas. Esta doença só tem importância quando cultivares suscetíveis são plantadas sob alta temperatura e umidade. Mesmo assim, a cultura quando bem conduzida, produz excesso de folhagem que normalmente compensa a queda e o amarelecimento de parte das folhas. 

Causa, na raiz tuberosa, necroses secas de cor cinza ou preta e dá um sabor amargo muito forte e característico. Associado ao ataque por brocas, o fungo pode atingir camadas mais profundas das raízes, causando inutilização do produto, sendo rejeitado até por animais.

A sarna é uma das doenças mais destrutivas da batata-doce nas regiões subtropicais e tropicais do mundo. O patógeno causa pequenas lesões circulares a elípticas ou alongadas de cor marrom no caule. Em condições climáticas favoráveis, os sintomas podem chegar a folhas superiores, e causar o retorcimento dos brotos.

Causa manchas e podridões nas raízes e na base das brotações, principalmente quando se realiza a produção de mudas em canteiros. Em pós-colheita, causa frequentemente manchas e podridões. F. oxysporum f. sp. batatas pode causar infecção vascular, independentemente da contaminação das batatas-semente, causando amarelecimento das folhas e murcha. Os vasos lenhosos se tornam escurecidos. 

Causa manchas escuras roxas ou marrom-acinzentadas a pretas restritas à epiderme (casca) das raízes, que podem se coalescer lentamente e tomar toda a raiz durante o armazenamento. As raízes afetadas também podem desenvolver pequenas rachaduras e encolher no armazenamento. Geralmente, apenas algumas lesões dispersas são vistas na raiz, mas em casos graves, quase toda a superfície da raiz pode ser afetada. A doença é favorecida pela alta umidade do solo, principalmente na estação chuvosa. O fungo produz esporos na superfície da raiz sob condições de alta umidade no armazenamento.

Causa necrose na base das brotações, provocando o tombamento. O cancro da haste de Rhizoctonia, podridão de Rhizoctonia e podridão de brotação de Rhizoctonia, como também é conhecido, foi relatado como uma importante doença em canteiros/leiras de produção de mudas de batata-doce nos Estados Unidos, e mais recentemente, campos comerciais de batata-doce na China. 

Causa lesões necróticas na base das brotações e nas raízes-semente, formando um micélio branco e pequenos escleródios esféricos que podem ser visto da base dos brotos infectados em desenvolvimento. Praticamente só ocorre nos canteiros/leiras de produção de mudas. A doença geralmente se desenvolve em reboleiras e pode se disseminar para todo o canteiro. A doença se desenvolve geralmente em períodos de alta umidade, especialmente em condições de alta temperatura. 

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