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Insetos-praga

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Em todo o mundo, existem registros de 287 espécies de artrópodes associados à cultura da batata-doce, das quais 270 são pertencentes à classe dos insetos e 17 à subclasse dos ácaros. A maior parte destes artrópodes se alimenta da parte aérea da planta, por meio do consumo dos tecidos do parênquima foliar ou da sucção da seiva elaborada. Estes danos são considerados secundários na lavoura e raramente necessitam de medidas de controle, tendo em vista a rusticidade e capacidade regenerativa da planta. Além disso, o controle realizado pelos inimigos naturais ajuda a manter as populações dos herbívoros em equilíbrio natural dinâmico. Porém, a broca-da-raiz Euscepes postfasciatus Fairmaire, as espécies de broca-das-ramas do gênero Megastes e o complexo de besouros crisomelídeos e elaterídeos são capazes de causar danos significativos nas ramas e raízes tuberosas da batata-doce, com reflexos na produçao e na qualidade das raizes. A seguir, são descritas as principais espécies de artrópodes-praga associadas à cultura batata-doce no Brasil. As pragas são agrupadas de acordo com sua importância econômica para a cultura, em pragas-chave, pragas secundárias e de importância quarentenária.

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São aquelas que estão sempre presentes na lavoura em nível populacional que causa dano econômico, quer seja pela redução na produção e/ou pela depreciação da qualidade do produto.

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É considerada a principal praga da cultura com capacidade de causar perdas de mais de 60% da produção, caso não seja manejada.

Distribuição: Ilhas do sul do Pacífico, Japão, Taiwan, Estados Unidos, Caribe, América Central e do Sul, incluindo o Brasil.

Ciclo de vida: Os adultos são besouros com 3 a 5 mm de comprimento e 1,6 mm de largura, com coloração castanho claro a marrom escuro, cabeça com um rostro em forma de tromba (Figura 4A). Seus élitros são soldados e por esse motivo não são capazes de voar, tornando sua dispersão mais lenta no campo. As fêmeas depositam os ovos, de formato esférico e cor branco-leitosa, nas raízes da batata-doce localizadas mais superficialmente no solo e também nas ramas, geralmente nos nós e nas partes mais grossas, junto ao colo. As larvas são do tipo curculioniforme, ou seja, são ápodas, de formato cilíndrico, ligeiramente curvadas e coloração branco-leitosa e com cabeça distinta do corpo, de cor acastanhada (Figura 4B). A fase larval dura cerca de 21 dias, em que as larvas passam por 5 ecdises ou trocas de pele até alcançar o tamanho de 5 mm. Em seguida, a larva deixa de se alimentar e entra na fase de pré-pupa, quando constrói uma câmara (Figura 4C) em uma das extremidades da galeria e se transforma em pupa, do tipo exarada, com apêndices livres (Figura 4D). As pupas dão origem a novos adultos e, dessa forma, completando o ciclo de vida deste inseto. Ao todo, o ciclo da praga de ovo a adulto dura de 20 a 30 dias e os adultos podem ter longevidade de 30 a 288 dias no campo.


Figura 1 - Euscepes postfasciatus. A. Adulto. B. Larva madura. C. Câmara pupal contendo a pupa. D. Pupa em vista ventral (Fotos: Jorge Anderson Guimarães).

Danos: Os danos se devem basicamente ao processo de alimentação de adultos e larvas nas ramas e raízes tuberosas da batata-doce. As raízes atacadas apresentam escoriações superficiais e perfurações que levam a galerias que podem se aprofundar bastante nos tecidos da raiz (Figura 3A, B). As galerias são preenchidas com fezes e resíduos fibrosos à medida que a larva se alimenta e se desenvolve (Figura 3C). Isto propicia um meio adequado para o desenvolvimento de fungos saprófitos, que causam decomposição e liberação de voláteis terpenoides de odor desagradável, que torna o produto totalmente imprestável para o consumo humano e até mesmo animal.
  
 
Figura 2. Danos de Euscepes postfasciatus em batata-doce. A. Raiz com furos. B. Raiz em corte mostrando a extensão do ataque da larva. C e D. Larvas no interior da raiz com detalhe para acúmulo de excrementos e resíduos nas galerias (Fotos: Jorge Anderson Guimarães).

Duas espécies de brocas-das-ramas, Megastes pusialis Snellen e M. grandalis Guenee, estão associadas à batata-doce. Estas mariposas são morfologicamente parecidas, causam os mesmos tipos de danos e ocorrem praticamente nas mesmas regiões, dificultando o estabelecimento preciso da importância individual de cada espécie para a cultura. A sua importância no âmbito do complexo Megastes é estimada em função das perdas causadas por estas espécies que podem variar de 30% a 50% na produção.

Distribuição: M. pusialis: Guiana, Trinidad & Tobago e Brasil. M. grandalis: Costa Rica, Panamá, Trinidad & Tobago, Venezuela, Guiana, Suriname, Peru, Paraguai, Argentina e Brasil. 

Ciclo de vida: Os adultos são mariposas com 40 a 45 mm de envergadura, coloração pardo-escura, com as margens da asa anterior mais escuras e com três linhas sinuosas transversais (Figura 4A). As fêmeas depositam seus ovos, de forma individual ou em fileiras, no caule e nas hastes da planta próximas à base, por isso recebem também o nome de “broca-do-coleto”. As lagartas possuem cabeça diferenciada do corpo, três pares de pernas torácicas e cinco pares de falsas pernas abdominais. São rosadas com pontuações escuras ao longo do corpo (Figura 44B). A fase de pupa ocorre dentro das hastes ou próximas ao orifício de saída. O ciclo de ovo a adulto dura em média, 57 dias.

Figura 4. Complexo Megastes. A. Fêmea adulta da mariposa. B. lagarta (Fotos: A. Jorge Anderson Guimarães; B. Larissa Pereira de Castro Vendrame).

Danos: As lagartas recém-eclodidas penetram nos tecidos vegetais do caule, geralmente na região do coleto (Figura 5A) e das hastes, causando danos nos vasos condutores da planta (Figura 5B), que levam ao retardo do crescimento, queda das folhas e redução da produção. A região atacada fica intumescida, com rachaduras e um orifício de saída, contendo excrementos de cor amarelada (Figura 5A). As ramas atacadas podem murchar completamente e secar, soltando-se facilmente da planta. Eventualmente, atacam ainda as raízes tuberosas da batata-doce (Figura 5C), abrindo galerias à medida que se alimentam dos tecidos do órgão.


Figura 5. Danos de lagartas do complexo Megastes em batata-doce. A. Dano da lagarta no coleto da planta, com produção de fezes e resíduos. B. Danos no caule da planta. C. Danos na raiz tuberosa (Fotos: A. José Aldo T. da Silva/Nivaldo Júnior, B e C. Larissa Pereira de Castro Vendrame).

Os coleópteros da família Chrysomelidae são essencialmente fitófagos, tanto na fase adulta quanto na fase larval, o que lhes confere grande importância econômica e ecológica. Os crisomelídeos estão agrupados em 12 subfamílias, das quais três, Cassidinae, Eumolpinae, Galerucinae possuem espécies associadas à batata-doce.

Os crisomelídeos apresentam ciclo de vida e comportamento similares e causam os mesmos tipos de danos à cultura, o que dificulta o estabelecimento do impacto isolado de cada uma das espécies. Assim, elas são consideradas na forma de complexo, composto pelas seguintes espécies: Diabrotica speciosa (Germ.) (Figura 6A), D. bivittula Kirsch; Sternocolaspis quatuordecimcostata (Lefèvre); Maecolaspis trivialis (Boheman) (Figura 6B); Typophorus nigritus (Fabricius) (Figura 46C); Paraselenis flava (L.); Systena sp. (Figura 46D), Epitrix sp. e Chaetocnema apricaria Suffrian.

Figura 6. Complexo de besouros crisomelídeos em batata-doce. A. Diabrotica speciosa, B. Maecolaspis trivialis, C. Typophorus nigritus e D. Systena sp. (Fotos: Jorge Anderson Guimarães).

Danos: Os adultos se alimentam das folhas, deixando-as perfuradas, algumas vezes com aspecto rendilhado (Figura 7A, B), porém, sem afetar a produção da cultura. A importância econômica deste grupo se deve à fase imatura, cujas larvas fazem pequenos furos na pele da raiz para se alimentarem dos tecidos, cavando galerias que se irradiam por toda a superfície do órgão, reduzindo seu valor comercial (Figura 7C, D). Porém, vale destacar que, ao contrário de E. postfasciatus, os danos dos crisomelídeos tendem a ser mais superficiais e muitas vezes, não inviabilizam o consumo da raiz, bastando para isso, retirar a parte atacada.
 
 
Figura 7. Sintomas dos danos causados pelo complexo de besouros crisomelídeos em batata-doce. A e B. Danos na Folha. C e D. Danos na raiz (Fotos: Jorge Anderson Guimarães).

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São aquelas que ocorrem esporadicamente na cultura ou, estão sempre presentes, mas suas populações permanecem em baixo nível populacional, sem causarem impacto na produção. Geralmente são mantidas em nível de equilíbrio pela ação dos inimigos naturais.

Com base nos registros da literatura existem, pelo menos, 20 espécies de artrópodes associadas à batata-doce, conforme descrito na Tabela 1. No entanto, alguns destes relatos são procedentes de levantamentos feitos com uso de armadilhas, o que dificulta o estabelecimento preciso da associação da praga ao hospedeiro. Já outras espécies, e.g., Astylus variegatus (Germ.), foram obtidas em números muito reduzidos na cultura, sendo consideradas pragas acidentais para batata-doce. Assim, somente com a continuidade dos estudos é que será possível definir o verdadeiro status de vários destes artrópodes para a cultura.

Tabela 1. Lista de espécies de artrópodes-praga de importância secundária e o tipo de danos que podem causar na cultura da batata-doce*.

 

 

Tipo de dano causado à cultura pelas fases de desenvolvimento das pragas

Espécie

Família

Parte aérea

Danos à raiz

Vetor de viroses

Larva-arame Conoderus sp.

Elateridae

Não. Adultos se alimentam de pólen, néctar e exsudatos da planta.

Somente na fase larval, por meio de furos na casca e escavação de galerias.

Não

Burrinho Epicauta atomaria (Germ.)

Meloidae

Somente na fase adulta, por meio do consumo foliar. A fase larval é predadora.

Não

Não

Larva Angorá Astylus variegatus (Germ.)

Dasytidae

Adultos se alimentam de pólen

Não

Não

Idiamin Lagria villosa Fabr.

Lagriidae

Somente na fase adulta, por meio do consumo foliar. A fase larval é detritívora

Não

Não

Bicho-bolo Dyscinetus planatus Burm.

Melolonthidae

Somente na fase adulta, por meio do consumo foliar

Larva

Não

Bicho-bolo Phyllophaga spp.

Melolonthidae

Somente na fase adulta, por meio do consumo foliar

Larva

Não

Lagarta-rosca Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1767)

Noctuidae

Somente na fase de lagarta, por meio do consumo foliar

Não

Não

Syntomeida melanthus (Cramer)

Arctiidae

Somente na fase de lagarta, por meio do consumo foliar

Não

Não

Spodoptera cosmioides Walker

Noctuidae

Somente na fase de lagarta, por meio do consumo foliar

Não

Não

S. eridania (Cramer)

Noctuidae

Somente na fase de lagarta, por meio do consumo foliar

Não

Não

Ácaro rajado Tetranychus urticae Koch

Tetranychidae

Adultos e ninfas se alimentam da seiva da planta

Não

Não

Ácaro vermelho Tetranychus ludeni Zacher

Tetranychidae

Adultos e ninfas se alimentam da seiva da planta

Não

Não

Mosca-branca Bemisia tabaci (Gennadius)

Aleyrodidae

Adultos e ninfas se alimentam da seiva da planta, por meio da sucção

Não

Sim

Mosca-branca Aleurotrachelus trachoides (Back)

Aleyrodidae

Adultos e ninfas se alimentam da seiva da planta por meio da sucção

Não

Sim

Mosca-branca Trialeurodes vaporariorum (West.)

Aleyrodidae

Adultos e ninfas se alimentam da seiva da planta, por meio da sucção

Não

Sim

Cigarrinha verde Empoasca spp.

Cicadellidae

Adultos e ninfas se alimentam da seiva da planta, por meio da sucção

Não

Sim

Pulgão
Myzus persicae (Sulzer)

Aphididae

Adultos e ninfas se alimentam da seiva da planta, por meio da sucção

Não

Sim

Pulgão
Aphis gossypii Glover

Aphididae

Adultos e ninfas se alimentam da seiva da planta, por meio da sucção

Não

Sim

Pulgão-da-couve Brevicoryne brassicae (L.)

Aphididae

Adultos e ninfas se alimentam da seiva da planta, por meio da sucção

Não

Não

Formigas cortadeiras Sauva spp.

Formicidae

Adultos, por meio do corte de folhas

Não

Não

*Fonte: Boock & Lordello, 1952; Silva, 1968; Miranda et al. 1984, Van Lenteren & Noldus, 1990; Gonçalves, 1997; Silvain & Lalanne-Cassou, 1997; Dalip, 2000; França & Ritschel, 2002; Gallo et al. 2002, Sá et al., 2005; Santos et al., 2005; Mau & Kessing, 2007; Valverde et al., 2007; Zenker et al., 2007; Moraes & Flechtmann, 2008; Silva et al., 2008; Broglio et al., 2011; De Barro et al., 2011; Cividanes & Santos-Cividades, 2012; Soares et al. 2012; Tariq et al., 2012; Castro et al., 2013; Clark et al., 2013; Teodoro et al., 2013; Barbosa et al., 2014a, b; Castro, 2015; Castro et al., 2018.

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É todo organismo de natureza animal e/ou vegetal presente em outros países ou regiões e que constitui ameaça à economia agrícola do país importador. Podem ser agrupadas em duas categorias: (A1) pragas exóticas não presentes no país e (A2), já introduzidas no país, porém com distribuição restrita a uma localidade ou região e mantida sob controle rigoroso, por meio de barreiras e programas oficiais de contenção.

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O gorgulho da batata-doce Cylas formicarius elegantulus (Summers) é considerada a praga mais importante da batata-doce em nível mundial. É cosmopolita, com presença em quase todos os países da Ásia, Oceania, África, região sul da América do Norte, América Central e Caribe. A Europa é tida como área livre da praga, assim como os países do Oriente Médio. Na América do Sul, existem registros de sua ocorrência apenas na Guiana e Venezuela. No Brasil, até o momento, esta espécie ainda não foi registrada e dessa forma, é considerada como praga quarentenária A1.
Ataca todas as partes da planta no campo e também na fase de armazenamento. Nas raízes, as larvas penetram na epiderme e escavam os tecidos ao longo de toda a extensão da raiz, tornando-a imprestável para a comercialização.

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