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Introdução e importância econômica

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Origem Origem

A batata-doce (Ipomoea batatas) pertence à família Convolvulaceae, sendo o único membro hexaplóide (2n = 6x = 90), cuja ploidia reflete-se na grande variabilidade presente na espécie. Atualmente, observa-se considerável diversidade genética em batata-doce nas diversas regiões produtoras do Brasil, oriunda da segregação obtida pela propagação sexuada e de introduções de plantas provenientes de outras localidades. Esta variabilidade é nítida nas diferentes cores, sabores, texturas, formatos, resistências, rendimento, entre outras características.

O registro mais antigo que se tem de raízes de batata-doce é de 8 a 10 mil anos atrás em cavernas do Peru, apesar da sua domesticação ter ocorrido há 5 mil anos. O centro de origem dessa espécie continua em ampla discussão no meio científico, mas o mais aceito é que seja na América Central e no Norte da América do Sul.

A batata-doce é uma raiz tropical de grande importância mundial, considerada uma cultura imprescindível para a segurança alimentar, sobretudo em países em desenvolvimento. Numa perspectiva histórica, ela já representou fonte de alimento importante para boa parte da população norte-americana na Crise de 1929, nos Estados Unidos, por se tratar de uma hortaliça barata e nutritiva. Na China, as raízes de batata-doce salvaram vidas no ano de 1954, quando inundações, condições climáticas desfavoráveis e políticas do período ocasionaram a perda de lavouras de arroz e a fome foi inevitável. Desde então, a batata-doce estabeleceu-se muito bem no país asiático, atualmente o maior produtor mundial da cultura.

Somente a China produz 53,01 milhões de toneladas de batata-doce anualmente, o que representa mais de 58% da produção mundial, estimada em 91,95 milhões de toneladas. A Ásia produz 66% desse total, seguida pela África, com 28,3%, e pelas Américas com 4,6% (Faostat, 2020). O Brasil está em 16º lugar entre os maiores produtores de batata-doce, com 805,4 mil toneladas e R$ 886,6 milhões em valor de produção (IBGE, 2020), sendo o maior produtor da América Latina.

Após alguns anos apresentando certa estagnação no mercado, a produção de batata-doce vem aumentando no Brasil nos últimos seis anos, refletida na demanda crescente por essa hortaliça, principalmente em função de suas características nutricionais corroboradas por inúmeros estudos científicos (Figura 1). Atualmente, a batata-doce está presente em quase todos os planos de dietas, em virtude de qualidades como o baixo índice glicêmico, o alto conteúdo de fibras e a diversidade de vitaminas. Isso reflete uma tendência no mercado de hortifrúti, influenciado por fatores como o bem-estar, como símbolo de status, o incentivo ao consumo de batata-doce pelos influenciadores das redes sociais, o aumento da demanda dessa hortaliça por vegetarianos e veganos, a valorização dos produtos locais, dentre outros (HortiFruti Brasil, 2018).

A batata-doce é uma hortaliça muito versátil quanto às possibilidades de uso de suas raízes, mas também de suas folhas, que são ricas em proteínas. Já a polpa das raízes tuberosas apresenta carboidratos, betacaroteno (uma substância precursora da vitamina A), vitaminas C, do complexo B e E, além de minerais como potássio, cálcio e ferro. Nas raízes de polpa roxa, há a presença de antocianina, um pigmento antioxidante muito benéfico para a saúde. Para o consumo humano, as raízes frescas podem ser fervidas, assadas ou fritas. Quando processadas, podem ser preparadas enlatadas, em forma de purês, doces, sobremesas, farinha e macarrão. O mercado brasileiro é voltado, principalmente, para o consumo humano a partir de raízes frescas, mas o processamento para produção de chips e de marrom glacê é um mercado em crescimento.

A batata-doce pode ser rapidamente propagada e adapta-se a diversas condições edafoclimáticas. Por ser uma cultura rústica, sua produção é viável em condições de pouca fertilidade e baixas taxas de precipitação, visto que a planta tolera déficit hídrico e solos mais pobres. Contudo, ela apresenta grande incremento de produtividade com fornecimento de adubação equilibrada e fornecimento de água em quantidade desejável.


Área plantada, produção, média de produtividade e aspectos comerciais

Em função da amplitude de ambientes em que pode ser plantada, a batata-doce está presente de norte a sul do Brasil e seu cultivo é viável ao longo de todo o ano na maior parte do país. Os últimos dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) do IBGE indicam que, em 2017, foram colhidos 53,5 mil hectares de batata-doce no Brasil. A área colhida, que vinha caindo nas últimas três décadas, voltou a crescer em 2012, quando a curva apresentou uma inversão e tem se mantido ascendente (Figura 1).
 
Figura 1. Área colhida de batata-doce no Brasil, em hectares. Fonte: Produção Agrícola Municipal (PAM), IBGE (2018).
 
A produção total, que oscilou muito no mesmo período, mas sempre com tendência de queda, também apresentou aumento a partir do ano de 2012, atingindo em 2017 um valor de 776,3 mil toneladas (Figura 2). O aumento da área colhida e da produção total reflete a demanda por raízes de batata-doce no mercado nacional.
 
Figura 2. Produção total de batata-doce no Brasil, em toneladas.
Fonte: PAM, IBGE (2018).
 
A produtividade média nacional da batata-doce tem apresentado uma curva ascendente ao longo dos anos, com um valor de 14,5 t ha-1 em 2017 (Figura 3). Apesar da tendência crescente, o Brasil ainda ocupa a 34a posição nesse quesito, com produtividade bem inferior à dos principais países produtores como, por exemplo, Senegal, com produtividade de 35,4 t ha-1 (FAOSTAT, 2018). No Brasil, o aumento da produtividade da cultura é um reflexo da adoção de tecnologias de produção recomendadas para cultura, além do uso de cultivares com maior potencial produtivo e utilização de mudas sadias para implantação da lavoura, que é responsiva ao uso de práticas de produção adequadas.
 
Figura 3. Produtividade média de batata-doce no Brasil, em kg/ha. Fonte: PAM, IBGE (2018). 

 
 
 
 

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