Skip to Content

Manejo Integrado de Pragas

Web Content Display Web Content Display

Pragas Pragas

O manejo integrado de pragas (MIP) é definido como “uso de táticas de controle, isoladamente ou associadas harmoniosamente, numa estratégia baseada em análises de custo/benefício, que levam em conta o interesse e/ou o impacto sobre os produtores, sociedade e o ambiente” (Kogan, 1998).

Mesmo no caso da batata-doce, que apresenta notável rusticidade e tolerância ao ataque de pragas, ainda é necessário realizar o manejo integrado, tendo em vista que as pragas-chave da cultura causam danos diretos, reduzindo a produção e a qualidade das raízes. 

Dessa forma, o manejo das pragas-chave da batata-doce deve ser feito com base no uso das seguintes recomendações de forma integrada e sustentável:

1. Material de propagação de qualidade: Utilizar mudas obtidas de viveiros credenciados, cultivados em ambiente protegido, oriundas de matrizes livres de vírus e demais pragas e patógenos. 

2. Escolha da área: Plantar de preferência em solos arenosos, corrigidos e com bom nível de fertilidade. Dar preferência para áreas que não tenham sido cultivadas com batata-doce nos dois anos anteriores e sem histórico de ocorrência de pragas e doenças.

3. Isolamento da cultura: Buscar áreas mais afastadas de locais de cultivo de batata-doce ou usar barreiras vivas, por meio de plantas que evitem o trânsito de pragas entre as lavouras.

4. Preparo do solo: Revolver o solo para promover a exposição de insetos presentes na área ao sol e à ação de predadores, como pássaros.

5. Adubação: Adubar, com base na análise do solo e nas exigências da planta, evitando a carência e o excesso de nutrientes.

6. Correção da acidez: Realizar a calagem do solo, para corrigir o pH e auxiliar na neutralização do alumínio tóxico, prática necessária ao bom desenvolvimento das raízes das plantas e aproveitamento de nutrientes, como nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, entre outros.

7. Irrigação: Irrigar com base em sensores de umidade do solo (Ex: Irrigas®) e nas necessidades da planta, a fim de permitir o crescimento vegetativo adequado.

8. Capinas: Manter a área livre de plantas daninhas, para evitar competição por nutrientes e eliminar focos de viroses e outras pragas para a cultura.

9. Restabelecimento das leiras: Reformar as leiras para evitar as rachaduras do solo, que se formam em função do crescimento lateral das raízes tuberosas e com isso, evitar o acesso das pragas de solo às raízes.

10. Cultivares precoces ou Antecipação da colheita: Utilizar cultivares precoces ou antecipar a colheita quando possível, a fim de quebrar o ciclo das pragas, por meio da retirada do alimento e também para evitar o possível agravamento dos danos nas raízes no campo.

11. Destruição de soqueira: Destruir os restos de caules e pedaços de raiz para evitar o aparecimento de plantas voluntárias que se constituem como fontes de inóculos e de manutenção da população de pragas.

12. Rotação de culturas: Fazer a rotação de culturas, de preferência com aquelas não possuam pragas e doenças em comum (ex. milho, sorgo), a fim de quebrar o ciclo das pragas.

13. Utilização de agrotóxicos: Utilizar produtos para o controle de artrópodes-praga não é uma prática muito recomendada pelo fato das pragas-chave da cultura possuírem hábito subterrâneo, como a broca-da-raiz e as larvas dos crisomelídeos ou por se desenvolverem no interior das estruturas vegetativas da planta, como no caso das lagartas da broca-das-ramas. Por esses motivos estas pragas não têm contato direto com as moléculas dos produtos químicos, tornando as aplicações ineficientes e antieconômicas no caso dos insetos de solo. 

Além disso, existem até o momento, apenas quatro ingredientes ativos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o manejo de pragas na cultura da batata-doce, o que limita o uso desta tática e dificulta o manejo da resistência das pragas a estes agrotóxicos (Tabela 2).

Tabela 2. Grade de ingredientes ativos registrados para uso no controle de artrópodes-praga na cultura da batata-doce.

Ingrediente ativo

Grupo químico
(t ha-1)

Marca Comercial

Praga-alvo

Dose do produto comercial

Volume de calda (L/Ha)

Intervalo de Segurança (dias)

Espinetoram

Espinosinas

Delegade

Megastes pusialis

80 - 200 g/ha

400

1

Lambda-cialotrina

Piretróide

Kaiso 250 CS

Epicauta atomaria

20 mL/ha

100 a 400

3

Acetamiprido

Neonicotinóide

Mospilan WG

Bemisia tabaci

60 - 100 g/ha

150

15

Espiromesifeno

Cetoenol

Oberon

Bemisia tabaci

0,5 - 0,6 L/ha

200 a 400

7

Fonte: Agrofit (2018). Atualizado em: 24 de agosto 2018.


14. Métodos biológicos
O uso do controle biológico natural deve ser uma prática altamente incentivada e difundida entre os produtores de batata-doce, pois os inimigos naturais são os agentes que mantêm o equilíbrio da cultura e evitam os surtos populacionais de pragas. Tendo em vista que o controle químico não é muito eficiente na cultura, o uso do controle biológico natural, por meio do manejo do ambiente para maximizar a ação dos inimigos naturais nativos pode ser uma alternativa interessante. Isto pode ser feito por meio do plantio de vegetação rica em flores nas proximidades do cultivo para servirem de local de abrigo, alimentação (pólen e néctar) e multiplicação de parasitoides e predadores.
Fungos entomopatogênicos (Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae) também agem naturalmente na regulação de populações das larvas de várias pragas que se desenvolvem no solo por meio do controle microbiano. 

15. Resistência da planta
A resistência de plantas a artrópodes é uma área fundamental para o desenvolvimento de um programa de MIP eficiente, pois a seleção de genótipos de batata-doce com propriedades de antixenose, antibiose e ou tolerância a pragas atua em sinergia com todos os demais métodos de controle de pragas, maximizando o resultado final do manejo. A resistência da batata-doce às pragas ocorre principalmente por antibiose, por meio da produção de fitoalexinas, látex e terpenoides que afetam a biologia das pragas e por tolerância, devido a sua capacidade de compensação e regeneração, com cicatrizando de feridas e rápida reposição das áreas atacadas. Ao longo das últimas décadas foram desenvolvidos inúmeros trabalhos com resistência de batata-doce a pragas no Brasil, na tentativa de desenvolver cultivares resistentes a pragas como E. postfasciatus, crisomelídeos, Conoderus sp., Megastes spp. e ácaros tetraniquídeos. No exterior, assim como no Brasil, os esforços foram concentrados na busca pela resistência múltipla de genótipos de batata-doce às pragas de solo e com transgenia para mariposas do gênero Spodoptera e moscas-brancas da família Aleyrodidae.

Cultivares da Embrapa Cultivares da Embrapa