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Plantio

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Colheita Colheita

A partir da seleção ou aquisição de ramas de qualidade (Figura 1A), de preferência as que passaram previamente pelo processo de cultura de tecidos e indexação para limpeza viral, no Brasil a batata-doce é cultivada em diferentes sistemas de plantio, a saber: em leiras/camalhões, canteiros ou montículos (matumbos) (Figura 1B, C e D). As ramas devem ser retiradas com antecedência ao dia do plantio para que murchem, evitando que possam se quebrar ao serem transplantadas. No território nacional ainda prevalece o cultivo em leiras com distribuição e plantio das ramas de forma manual (Figura 1B). O plantio manual das ramas pode ser realizado com auxílio de um instrumento denominado “bengala” que faz um orifício onde é depositada a base da rama, enterrando-a até dois terços do seu comprimento, com acomodação do solo ao seu redor. A bengala consiste de uma haste de madeira com a ponta em forma de “U” invertido (Figura 1C). Uma pessoa vai à frente, colocando as ramas sobre as leiras no espaçamento escolhido, e o outra pressiona a rama para baixo com bengala tocando-a pela base, operação que deve ser realizada com o solo umedecido.

Fotos: Geovani Bernardo Amaro (A); João Eustáquio Cabral de Miranda (B), João Bosco de Carvalho Silva(C e D).

Figura 1. Distribuição e plantio manual de ramas em leiras e montículos. No detalhe (C) o uso da bengala.

 

A forma de plantio das ramas está relacionada à quantidade de raízes por área, principalmente com seu formato e peso, influenciando diretamente a produção daquelas de melhor classificação comercial. Resultados de pesquisa diversos têm demonstrado que o plantio horizontal (com a rama deitada) se mostra superior ao vertical (com a rama enterrada reta ou em outro ângulo). Plantios realizados com as ramas na vertical limitam o número de raízes por área, alterando o formato (resultando geralmente em raízes cônicas - de maior diâmetro central) e a colheita (com raízes agrupadas e mais superficiais). Contudo, adverte-se que em áreas onde fatores como a adubação, quantidades de nós (gemas) por rama e condições de plantio (temperatura, umidade do solo, entre outras) não sejam adequados ou negligenciados, a maneira de plantio das ramas possuirá menor influência sob a produção de raízes comerciais.

A marcação do espaçamento e a cobertura das ramas podem ser realizadas mecanicamente com implementos adaptados para a batata-doce, sendo o primeiro conhecido como “estrela” (Figura 2A), um tipo de engrenagem que gira sobre o topo das leiras deixando sulcos em profundidade e espaçamentos equidistantes para o transplantio. A cobertura normalmente é feita por arado de disco (Figura 2B) ou sulcador, com quantidade de solo suficiente para que as ramas se estabeleçam e não haja perdas na população de plantas (estande).

Fotos: Geovani Bernardo Amaro.

   

Figura 2. Implemento acoplado ao trator para adubação, com discos para marcação do espaçamento nas leiras (A) e passagem de arado de disco entre as leiras para cobertura das ramas (b).

Há ainda o plantio em canteiros trapezoidais (Figura 3). Essa forma tem sido adotada por agricultores que já os utilizam para a produção de outras hortaliças, sem a necessidade de dividi-los em duas leiras de forma manual com auxílio de enxada. Assim têm-se economia de mão de obra e tempo, notadamente em áreas de agricultura familiar que recebem ou contratam horas de maquinário do tipo encanteirador. No topo dos canteiros as ramas são enterradas posicionando seu ápice (ponta) para a parte interna, com a configuração de linhas duplas. A depender do espaçamento utilizado, as linhas duplas podem resultar em populações de até 49.600 plantas por hectare (utilizando 20 cm entre ramas). Populações maiores como essa produzem um número elevado de raízes de peso mediano por área, o que têm resultado em excelentes médias de produtividade.

 Fotos: Geovani Bernardo Amaro.

Figura 3. Plantio de mudas em canteiros em linhas duplas (A) e lavoura em pleno desenvolvimento vegetativo (B).

Os montículos (também denominados matumbos) são comumente adotados em regiões onde há menor possibilidade de formação de leiras ou canteiros, seja por condições limitantes de solo (principalmente umidade elevada) ou econômicas, sendo majoritariamente confeccionados de maneira manual. Alguns agricultores utilizam um implemento mecanizado que realiza a confecção de leiras que são seccionadas/cortadas para formação de montículos, porém a adoção desse equipamento ainda é reduzida. Em comparação as leiras, quando feitos de forma manual, os montículos resultam num melhor direcionamento das linhas na área sem haver extensa mobilização de solo. O plantio é realizado em “ilhas” que são compostas por um conjunto de ramas estabelecidas no topo dos montículos (Figura 2D).

Em algumas regiões, produtores mais tecnificados e de maior escala, fazem uso de mecanização para o transplantio de ramas, sendo realizado por uma transplantadora. Esse equipamento possui pinças para a colocação das ramas em sulcos que são abertos por botas ou discos de corte, posteriormente fechados por rolos, com capacidade de trabalho de duas a quatro linhas (leiras) por operação (Figura 4). Os operários ficam sentados na parte traseira, com a função de distribuir as ramas armazenadas em um compratimento superior. Porém, por se tratarem de equipamentos predominantemente importados, há que se avaliar a relação benefício/custo antes de decidir por sua plena adoção, além de considerar as limitações de seu uso em áreas de maior declividade.

Fotos: Larissa Pereira de Castro Vendrame.

Figura 4. Transplantadora de mudas com pinças com em duas  linhas de transplantio (A), detalhe do sistema de pinças utilizado para segurar a muda no momento do transplantio (B) e conjunto de pinças onde são posicionadas as mudas em cada unidade de transplantio (C). 

Espaçamentos de plantio para batata-doce variam grandemente entre as regiões do país e as condições ambientais das distintas épocas de plantio. Geralmente são utilizadas medidas de 80 cm a 130 cm entre leiras, que possuem de 30 cm a 50 cm de altura ou maiores (“leirão”), que recebem ramas espaçadas de 15 cm a 60 cm entre elas. O espaçamento entre as ramas (plantas) é estritamente relacionado a algumas características - maior ou menor diâmetro (calibre) das ramas, distância entre seus entrenós (gemas) e o hábito de crescimento da cultivar – menos prostrado (do tipo “moita”) ou mais prostrado (denominado “baraço” na região Sul, com ramas que se espalham de forma vigorosa na área, ocupando-a rapidamente). Outros fatores importantes são os custos (sobretudo o valor de aquisição das ramas), disponibilidade de água (áreas de sequeiro ou irrigação) e fertilidade do solo, que devem ser considerados com relação à escolha do espaçamento. Em locais com solos que apresentem teor de nutrientes equilibrados e em períodos chuvosos ou com irrigação, pode-se recomendar o plantio adensado de algumas cultivares (Figura 5), obtendo maior quantidade de raízes por área e consequentemente maior produtividade. No entanto, são necessários ajustes para que não haja crescimento demasiado das ramas em detrimento as raízes de armazenamento, com especial atenção ao balanço nitrogênio:potássio (N:K), notadamente na  adubação de cobertura, e a frequência/quantidade da irrigação durante as seis primeiras semanas após o plantio.

Foto: Larissa Pereira de Castro Vendrame.

Figura 5. Espaçamento de 15 cm entre plantas.

De modo contrário, ao adotar espaçamentos com maiores distâncias entre plantas, modifica-se a disponibilidade de área a ser explorada por cada uma, provendo menor competição por espaço, luz e ampla formação de ramas. Essa prática altera a quantidade e o peso das raízes de armazenamento, geralmente resultando na produção de apenas uma ou poucas raízes de tamanho grande por planta, popularmente denominada nas diversas regiões do país como “cocão” ou “batatão”, que são comercializáveis, mas restritas ao segmento de processamento ou de cozinhas industriais. Em plantios de sequeiro com cultivares de crescimento moderado, tais espaçamentos podem garantir o pleno estabelecimento das plantas, pela menor competição e possibilidade de obtenção de boas produtividades. 

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