Embrapa Vegetables
Solos
Web Content Display
-
Sistema de produção de batata-doce
Embrapa Hortaliças
Sistema de Produção, 9
ISSN 1678-880X
Fev/2021
Conheça os Autores
Baixe aqui o conteúdo completo em PDF
Nutrição e adubação
O manejo ideal do solo deve abranger práticas simples e fundamentais ao bom desenvolvimento da batata-doce, integrando diferentes estratégias ou técnicas para se atingir máximo potencial produtivo da cultura sem, no entanto, comprometer a qualidade química, física e biológica do solo.
A escolha da técnica de manejo adequada depende de alguns fatores como a textura do solo, o grau de infestação de invasoras, os resíduos vegetais remanescentes na superfície, a umidade do solo, a existência de camadas compactadas, pedregosidade e riscos de erosão.
O solo para uso agrícola apresenta três fases distintas – sólida, líquida e gasosa –, que juntas atuam como reserva, dreno e fonte de nutrientes para as plantas. O preparo continuado do solo, sem a adoção de práticas mais sustentáveis de manejo, altera as proporções dessas fases, afetando sensivelmente, ao longo do tempo, sua capacidade produtiva. A diminuição da porosidade causada pela compactação, a redução na capacidade de troca catiônica (CTC) devido à redução nos teores de matéria orgânica e a redução na mobilidade de nutrientes acarretada pela alteração do fluxo difusivo, são exemplos notórios da perda de qualidade do solo.
Por vários anos a batata-doce era posicionada como cultura secundária e utilizada para aproveitar a adubação residual da cultura anterior. Porém, repostas positivas à adubação têm sido observadas, principalmente naqueles cultivos em que se utilizam a análise química do solo e a demanda da cultura como ferramenta de tomada de decisão nos programas de manejo da adubação. Adicionar fertilizantes ao solo sem considerar a sua análise química é mera adivinhação e, muito provavelmente, resultará em desperdício de recurso financeiro.
Os solos brasileiros, se bem manejados, não apresentam limitação física para plantio da batata-doce. Porém, a capacidade de drenagem do solo é uma característica que deve ser observada com frequência principalmente nas regiões de solos com maior teor de argila ou aqueles onde o lençol freático é pouco profundo. O excesso de umidade pode induzir o alongamento das raízes, processo denominado de “chicote” (Figura 1).
Foto: João Bosco Carvalho da Silva
Figura 1. Raízes longas ("chicote") ocasionadas por plantio em solos rasos ou encharcados.
Os solos arenosos são os mais indicados para plantio da batata-doce. Estes solos permitem uma drenagem mais eficiente, apresentam melhores respostas à adubação, facilita o desenvolvimento lateral das raízes, a produção de batatas mais uniformes e, principalmente, permite a colheita com menor índice de danos.
Em áreas onde o solo é mais argiloso, situação mais comum para as diferentes regiões brasileiras, e submetidas a cultivos intensivos com uso de maquinários, é importante realizar a avaliação da presença de camadas compactadas, utilizando para isso medidores de resistência à penetração (penetrômetros) ou abrindo uma trincheira para avaliação do perfil do solo. Confirmada a presença de camada compactada, deve ser realizada a subsolagem profunda para devolver ao solo a sua capacidade de drenagem.
Para um desenvolvimento uniforme das raízes é importante a elevação do solo a partir da formação de leiras (camalhões) ou canteiros, em especial nas áreas localizadas em cotas mais baixas da propriedade, sujeitas a encharcamento, e em solos mais pesados, como os argilosos. O plantio em leiras é o mais comum e na construção delas deve-se elevar o solo a no mínimo 30 cm de altura, mantendo-se a distância entre leiras de 80 cm (Figura 2). O plantio também pode ser realizado em canteiros (Figura 3).
Fotos: Geovani Bernardo Amaro


Figura 3. Preparo de canteiros para plantio de batata-doce.
Em solos arenosos, quando possível, deve-se evitar a aração e a elevação do solo, uma vez que esses são mais propensos à erosão (Figura 4), expondo as raízes. Já em solos argilosos, antes da confecção do canteiro, pode ser necessária uma aração para descompactar o solo e, em seguida, uma gradagem.
Fotos: Geovani Bernardo Amaro
Figura 4. Erosão das leiras construídas em solos arenosos.
O plantio em áreas mais planas é recomendado, pois facilita as operações mecanizadas, em especial a colheita. Nas áreas de relevo mais acidentado (maior declividade) o cultivo deve ser feito em nível para evitar a erosão do solo (Figura 5).
Foto: João Eustáquio Cabral de Miranda
