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    Como plantar grão-de-bico

    Fonte: Nascimento, W. M. (Editor Técnico). Hortaliças Leguminosas. Embrapa Hortaliças, 2016.
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No geral, a produção de sementes de grão-de-bico requer os mesmos cuidados tomados na produção de grãos. Contudo, existem certos  aspectos que devem ser levados em consideração na produção de sementes de alta qualidade, como: 

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Deve-se evitar o plantio em áreas cultivadas previamente com leguminosas e ou próximo a áreas que possuem cultivos de espécies que abrigam doenças comuns ao grão-de-bico. Esse fator aumenta a incidência de pragas e doenças, que podem causar a deterioração  das sementes no campo. Além disso, a escolha da área é importante para garantir a pureza física dos lotes de grão-de-bico.

A operação de inspeção de campo é uma prática fundamental na produção de sementes, a qual consiste na eliminação manual de  plantas contaminantes (atípicas e outras que estão fora do padrão da cultivar a ser multiplicada) em campos de produção de sementes. A finalidade do roguing é assegurar que o campo produza sementes de desejável pureza genética, varietal e física. Estas inspeções  devem ser realizadas principalmente nas épocas de pré-floração, floração, précolheita e colheita. 

Após a fixação das vagens, ocorre um rápido crescimento durante os primeiros 10 a 15 dias, sendo que o crescimento das sementes  acontece mais tarde. Logo após o desenvolvimento das vagens e o enchimento, a senescência das primeiras folhas se inicia. Quando há bastante umidade no solo, o florescimento e a formação das vagens continuarão nos nós superiores. O grão-de-bico pode tolerar  altas temperaturas quando há um nível adequado de umidade no solo. As sementes estarão prontas para a colheita quando 90% das hastes e vagens perdem sua cor verde e se tornam uma coloração amarelo dourado. Cuidados na regulagem das colheitadeiras devem ser tomados para minimizar a ocorrência de danos mecânicos (amassamento, trincas e quebras nas sementes).

Assim como as demais leguminosas, as sementes de grão-de-bico apresentam reserva cotiledonar além de formato esférico. Estes  fatores tornam as sementes de grão-de-bico mais suscetíveis aos danos mecânicos, afetando negativamente sua qualidade fisiológica (germinação e vigor). Desta maneira, cuidados especiais devem ser tomados durante o transporte (elevadores) e o beneficiamento 
das sementes. Os principais equipamentos utilizados no beneficiamento das sementes são a máquina de ar e peneira e a mesa de gravidade.

A produção de sementes de grão-de-bico está sujeita a uma série de adversidades bióticas e abióticas. Os danos causados pela  associação de patógenos com sementes englobam uma série de implicações que podem levar a danos intoleráveis, devido ao fato das sementes serem meios potenciais de transmissão de vários  microrganismos que podem ser disseminados a longas distâncias e introduzidos em novas áreas de cultivo. Além de existirem um pequeno número de espécies de microrganismos, mais comumente espécies dos gêneros Penicillium e Aspergillus, que podem estar associados às sementes durante o armazenamento, vindo a causar sua deterioração (Figura 25). Dentre o conjunto de práticas recomendadas para o controle de microrganismos, destacam-se o uso de semente de boa qualidade sanitária, a rotação de culturas, a pré-incorporação  de resíduos seguida de aração profunda, entre outros tratos culturais.  Mas a medida de controle mais utilizada hoje em dia têm sido o tratamento  químico. Entre eles, o uso de sementes tratadas com fungicidas, (Figura 26), o que a torna uma ferramenta estratégica dentro do  contexto do manejo integrado de doenças. O tratamento de sementes mais utilizado tem sido com produto comercial a base de: 25 g/l Piraclostrobina 225 g/L de Tiofanato metílico, 250 g/L de Fipronil, na dose de 2 ml/kg contra fungos e insetos. Lembrando que deve-se levar em consideração a ação isolada ou integrada de fatores, como as condições físicas e fisiológicas do lote, tipo de patógeno, tipo de infecção/contaminação das sementes, a formulação e o ingrediente ativo do produto, características do solo, profundidade de semeadura, entre outros fatores.

Figura 25. Grãos atacados por fungos de armazenamento (A) e deterioração natural durante o armazenamento (B).
Fotos: Warley Marcos Nascimento

 

Figura 26. Sementes de grão-de-bico tratadas quimicamente (A) e germinação de sementes tratadas (B).
Fotos: Warley Marcos Nascimento

A embalagem de sementes é importante não apenas para o transporte, armazenamento e comercialização, mas também para a conservação da qualidade. As embalagens utilizadas para o acondicionamento das sementes variam com as necessidades e disponibilidade de materiais. No caso de sementes de grão-de-bico, é recomendado utilizar sacos valvulados de papel de 40 kg.

As embalagens devem trazer informações sobre a espécie, cultivar e data. De acordo com a Instrução Normativa Nº 40, de 21 de  novembro de 2014, o lacre das embalagens de sementes deverá conter o número de inscrição do Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) do produtor ou do reembalador, quando o produto for destinado ao comerciante. Ainda segundo o texto, a semente a granel somente poderá ser comercializada diretamente do produtor ao usuário da semente. 

Geralmente para se avaliar a qualidade de um lote de sementes é utilizado o teste de germinação por apresentar alto grau de  confiabilidade, quanto à possibilidade de reprodução dos resultados e como parâmetro para a fiscalização do comércio. Para  sementes de grão-de-bico, existe metodologia padronizada para o teste de germinação nas Regras para análise de sementes (RAS),  sendo recomendados os substratos Rolo de Papel (Figura 27) ou entre Areia, a temperatura alternada de 20 ºC - 30 °C, com leituras aos cinco e oito dias, correspondendo respectivamente, a primeira contagem e a contagem final da germinação. Ensaios realizados na  Embrapa Hortaliças sugerem, no teste de germinação de sementes de grão-de-bico, umidade do substrato de 2,0 vezes o peso do papel e temperaturas de 20 ºC.

Para garantir um estabelecimento adequado do estande, é recomendada a realização de testes de vigor para determinar, muitas  vezes, a velocidade de germinação e emergência das plântulas. A rapidez na germinação é muito importante porque reduz o grau de exposição das sementes e das plântulas às intempéries. O período de tempo compreendido entre a semeadura e a emergência das  plântulas é crítico e falhas no estande ou desuniformidade de plântulas podem prejudicar significativamente a produção final. Para a cultura do grão-de-bico não existe nem um teste de vigor padronizado, mas alguns autores recomendam o teste de envelhecimento 
acelerado, pelo fato do teste conseguir discriminar de forma eficiente os diferentes lotes testados por 72 horas em câmara de envelhecimento.

O teste de tetrazólio também pode ser utilizado na avaliação da viabilidade e vigor de sementes de grão-de-bico, na concentração de  tetrazólio de 0,1% e nos tempos/temperatura de embebição de 4 horas a 41º C e de 6 horas a 41º C. Pelo fato da semente de grão-de-bico ser rica em proteínas, fator que atrai microrganismos, é recomendada a realização de análise sanitária 

Pelo fato da semente de grão-de-bico ser rica em proteínas, fator que atrai microrganismos, é recomendada a realização de análise sanitária dessas sementes, devido os reflexos negativos que a associação de patógenos com as mesmas podem gerar. As sementes podem abrigar e transportar microrganismos de todos os grupos taxonômicos, que podem ser patogênicos, levando à ocorrência de doenças, ou não patogênicos, levando a redução da qualidade durante o armazenamento.  

Figura 27. Teste de germinação de sementes de grão-de-bico.

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